DECRETO Nº 5.712, DE 2 DE MARÇO DE 2006

DOU 03/03/2006

 

Regulamenta o Regime Especial de Tributação para a Plataforma de Exportação de Serviços de Tecnologia da Informação - REPES, instituído pelos arts. 1o a 11 da Lei no 11.196, de 21 de novembro de 2005.

       

O PRESIDENTE DA REPÚBLICA, no uso da atribuição que lhe confere o art. 84, inciso IV, da Constituição, e tendo em vista o disposto nos arts. 1o a 11 da Lei no 11.196, de 21 de novembro de 2005,

    

DECRETA:

 

CAPÍTULO I

 

DO REPES

 

Seção I

 

Dos Benefícios do REPES

 

Art. 1o  O Regime Especial de Tributação para a Plataforma de Exportação de Serviços de Tecnologia da Informação - REPES será aplicado na forma deste Decreto.

 

§ 1o  O REPES suspende a exigência:

       

I - da Contribuição para o PIS/PASEP e da COFINS incidentes sobre a receita bruta:

       

a) decorrente da venda de bens novos, quando adquiridos por pessoa jurídica beneficiária do regime para incorporação ao seu ativo imobilizado;

       

b) auferida pela prestadora de serviços, quando tomados por pessoa jurídica beneficiária do regime;

       

II - da Contribuição para o PIS/PASEP- Importação e da COFINS -Importação incidentes sobre:

       

a) bens novos, quando importados diretamente por pessoa jurídica beneficiária do regime para incorporação ao seu ativo imobilizado;

       

b) serviços, quando importados diretamente por pessoa jurídica beneficiária do regime; e

       

III - do Imposto sobre Produtos Industrializados - IPI, incidente sobre a importação de bens novos, sem similar nacional, quando efetuada diretamente por pessoa jurídica beneficiária do regime para incorporação ao seu ativo imobilizado.

       

§ 2o  As disposições do § 1o aplicam-se somente aos bens e serviços destinados ao desenvolvimento, no País, de software e serviços de tecnologia de informação.

 

 

Seção II

 

Do Controle da Produção

       

Art. 2o  (Revogado pelo art. 8º do Decreto nº 6.887, DOU 26/06/2009)

 

 

CAPÍTULO II

 

DA HABILITAÇÃO AO REPES

 

Seção I

 

Da Obrigatoriedade da Habilitação

       

Art. 3o  Somente poderá efetuar aquisição de bens e serviços com o benefício do REPES a pessoa jurídica previamente habilitada pela Secretaria da Receita Federal.

 

Seção II

 

Das Pessoas Jurídicas que Podem Requerer a Habilitação

       

Art. 4o  A habilitação de que trata o art. 3º somente pode ser requerida por pessoa jurídica que exerça preponderantemente as atividades de desenvolvimento de software ou de prestação de serviços de tecnologia da informação e que, por ocasião da sua opção pelo REPES, assuma compromisso de exportação igual ou superior a sessenta por cento de sua receita bruta anual decorrente da venda dos bens e serviços de que trata este artigo. (Alterado pelo art. 5º do Decreto nº 6.887, DOU 26/06/2009)

       

§ 1o  Não poderá se habilitar ao REPES a pessoa jurídica:

       

I - (Revogado pelo art. 8º do Decreto nº 6.887, DOU 26/06/2009)

       

II - optante pelo Sistema Integrado de Pagamento de Impostos e Contribuições das Microempresas e das Empresas de Pequeno Porte - SIMPLES;

       

III - que esteja irregular em relação aos tributos e contribuições administrados pela Secretaria da Receita Federal e Secretaria da Receita Previdenciária.

       

§ 2o  (Revogado pelo art. 8º do Decreto nº 6.887, DOU 26/06/2009)

 

Seção III

 

Da Apuração do Percentual de Exportação

       

Art. 5o  O percentual de exportação referido no art. 4o será apurado considerando-se, conforme o caso:

       

I - a média obtida, a partir do ano-calendário subseqüente ao do início de utilização dos bens adquiridos no âmbito do REPES, durante o período de três anos-calendário; ou

       

II - as vendas efetuadas no ano-calendário subseqüente àquele em que ocorreu a prestação do serviço adquirido no âmbito do REPES.

       

§ 1o  Para efeito do cálculo do percentual de que trata o caput, na apuração do valor da receita bruta total de venda de bens e serviços:

       

I - devem ser consideradas as receitas de todos os estabelecimentos da pessoa jurídica; e

       

II - deve-se excluir o valor dos impostos e contribuições incidentes sobre a venda.

       

§ 2o  O prazo do início de utilização a que se refere o inciso I do caput deste artigo não poderá ser superior a um ano, contado a partir da aquisição.

 

 

CAPÍTULO III

 

DO CANCELAMENTO DA HABILITAÇÃO AO REPES

       

 

         Art. 6o  O cancelamento da habilitação ocorrerá:

       

I - a pedido;

       

II - de ofício, nas hipóteses em que o beneficiário:

       

a) não satisfazia ou deixou de satisfazer, ou não cumpria ou deixou de cumprir os requisitos para habilitação ao regime; ou

       

b) descumprir o compromisso de exportação de que trata o art. 4o, observadas as disposições do art. 5o deste Decreto.

       

Parágrafo único.  Na hipótese do inciso II do caput, a pessoa jurídica somente poderá efetuar nova adesão após o prazo de dois anos, contado da data do cancelamento.

 

CAPÍTULO IV

 

DA APLICAÇÃO DO REPES

       

Art. 7o  Aplica-se o benefício de suspensão de que trata o § 1o do art. 1o:

       

I - nas aquisições no País ou nas importações de máquinas, aparelhos, instrumentos e equipamentos, novos, relacionados em decreto, nos termos do § 4o do art. 4o da Lei no 11.196, de 21 de novembro de 2005, no caso da Contribuição para o PIS/PASEP e da COFINS ou da Contribuição para o PIS/PASEP-Importação e da COFINS-Importação;

       

II - nas aquisições, no País ou no exterior, de serviços relacionados em decreto, nos termos do § 3o do art. 5o da Lei no 11.196, de 2005, no caso da Contribuição para o PIS/PASEP e da COFINS ou da Contribuição para o PIS/PASEP-Importação e da COFINS-Importação;

       

III nas importações de máquinas, aparelhos, instrumentos e equipamentos, novos, relacionados em decreto, nos termos do § 4o do art. 4o da Lei no 11.196, de 2005, sem similar nacional, no caso do IPI.

       

Parágrafo único.  No caso de aquisições efetuadas no País com o benefício do REPES, a pessoa jurídica vendedora deve fazer constar na nota fiscal de venda o número do ato que concedeu a habilitação à adquirente e, conforme o caso, a expressão:

       

I - "Venda efetuada com suspensão da exigência da Contribuição para o PIS/PASEP e da COFINS", com especificação do dispositivo legal correspondente; ou

       

II - "Venda de serviços efetuada com suspensão da exigência da Contribuição para o PIS/PASEP e da COFINS", com a especificação do dispositivo legal correspondente.

       

Art. 8o  A suspensão da exigência de tributos na forma do REPES converte-se:

       

em alíquota zero após cumprido o compromisso de exportação de que trata o art. 4o, observadas as disposições do art. 5o, especialmente do inciso I do caput para bens, ou do inciso II do caput para serviços, no caso das contribuições; ou

       

II - em isenção após cumprido o compromisso de exportação de que trata o art. 4o, observadas as disposições do art. 5o, especialmente do inciso I do caput, no caso do IPI incidente sobre importações.

 

 

CAPÍTULO V

 

DAS DISPOSIÇÕES GERAIS

       

Art. 9o  A aquisição de bens e serviços com o benefício do REPES não gera, para o adquirente, direito ao desconto de créditos apurados na forma do art. 3o da Lei no 10.637, de 30 de dezembro de 2002, e do art. 3o da Lei no 10.833, de 2003.

       

Art. 10.  A pessoa jurídica beneficiária do REPES fica obrigada a recolher juros e multa, de mora ou de ofício, na forma da lei, contados a partir da data da aquisição de bens ou serviços ou do Registro da Declaração de Importação, conforme o caso, referentes aos tributos não pagos em decorrência da suspensão, nas hipóteses de:

       

I - ter cancelada sua habilitação, na forma do art. 6o; ou

       

II - transferir a propriedade ou ceder o uso do bem adquirido antes da conversão da suspensão em alíquota a zero ou em isenção, na forma do art. 8o.

       

§ 1o  Os acréscimos legais e a penalidade de que trata o caput serão exigidas da pessoa jurídica beneficiária do REPES na condição de:

       

I - contribuinte, em relação à Contribuição para o PIS/PASEP-Importação, à COFINS-Importação e ao IPI incidente sobre a importação; ou

       

II - responsável, em relação à Contribuição para o PIS/PASEP e à COFINS.

       

§ 2o  Quando decorrentes das contribuições, os juros e multa, de mora ou de ofício, de que trata este artigo serão exigidos:

       

I - juntamente com as contribuições não pagas, no caso:

       

a) de transferência da propriedade ou cessão do uso do bem efetuada antes de decorridos dezoito meses da sua aquisição;

       

b) de cancelamento a pedido da habilitação;

       

c) de cancelamento de ofício da habilitação, quando o beneficiário não satisfazia ou deixou de satisfazer, ou não cumpria ou deixou de cumprir os requisitos para habilitação; ou

       

II - isoladamente, no caso:

       

a) de transferência da propriedade ou cessão do uso do bem efetuada após decorridos dezoito meses da sua aquisição;

       

b) de cancelamento de ofício da habilitação, quando o beneficiário descumprir o compromisso de exportação de que trata o art. 4o, observadas as disposições do art. 5o deste Decreto.

       

§ 3o  Quando decorrentes do IPI, os juros e multa, de mora ou de ofício, de que trata este artigo serão exigidos sempre isoladamente.

       

§ 4o  Relativamente às contribuições, na hipótese da alínea "b" do inciso II do § 2o, a multa, de mora ou de ofício, será aplicada sobre o valor das contribuições não recolhidas, proporcionalmente à diferença entre o percentual mínimo de exportações estabelecido e o efetivamente alcançado.

       

§ 5o  O pagamento dos acréscimos legais e da penalidade de que trata o caput não gera, para a pessoa jurídica beneficiária do REPES, direito ao desconto de créditos apurados na forma do art. 3o das Leis no 10.637, de 2002, e no 10.833, de 2003, e art. 15 da Lei no 10.865, de 30 de abril de 2004.

       

Art. 11.  A suspensão da exigência da Contribuição para o PIS/PASEP e da COFINS incidentes sobre a venda de bens de capital para pessoa jurídica habilitada no REPES não impede a manutenção e a utilização dos créditos pela pessoa jurídica vendedora, no caso desta ser tributada pelo regime de incidência não-cumulativa dessas contribuições.

 

CAPÍTULO VI

 

DAS DISPOSIÇÕES FINAIS

       

Art. 12.  A Secretaria da Receita Federal disciplinará, no âmbito de sua competência, a aplicação das disposições deste Decreto.

       

Art. 13.  Este Decreto entra em vigor na data de sua publicação.

       

 

Brasília, 2 de março de 2006; 185o da Independência e 118o da República.

 

 

LUIZ INÁCIO LULA DA SILVA
Antonio Palocci Filho