LEI Nº 9.787, DE 10 DE FEVEREIRO DE 1999.
DOU 11/02/1999
Altera a Lei no 6.360, de 23 de setembro de 1976, que dispõe sobre a vigilância sanitária, estabelece o medicamento genérico, dispõe sobre a utilização de nomes genéricos em produtos farmacêuticos e dá outras providências.
O PRESIDENTE DA REPÚBLICA Faço saber que o Congresso Nacional decreta e eu sanciono a seguinte Lei:
Art. 1o A Lei no 6.360, de 23 de setembro de 1976, passa a vigorar com as seguintes alterações:
"Art. 3o ............................................................................
........................................................................................"
"XVIII – Denominação Comum Brasileira (DCB) – denominação do fármaco ou princípio farmacologicamente ativo aprovada pelo órgão federal responsável pela vigilância sanitária;
XIX – Denominação Comum Internacional (DCI) – denominação do fármaco ou princípio farmacologicamente ativo recomendada pela Organização Mundial de Saúde;
XX – Medicamento Similar – aquele que contém o mesmo ou os mesmos princípios ativos, apresenta a mesma concentração, forma farmacêutica, via de administração, posologia e indicação terapêutica, preventiva ou diagnóstica, do medicamento de referência registrado no órgão federal responsável pela vigilância sanitária, podendo diferir somente em características relativas ao tamanho e forma do produto, prazo de validade, embalagem, rotulagem, excipientes e veículos, devendo sempre ser identificado por nome comercial ou marca;
XXI – Medicamento Genérico – medicamento similar a um produto de referência ou inovador, que se pretende ser com este intercambiável, geralmente produzido após a expiração ou renúncia da proteção patentária ou de outros direitos de exclusividade, comprovada a sua eficácia, segurança e qualidade, e designado pela DCB ou, na sua ausência, pela DCI;
XXII – Medicamento de Referência – produto inovador registrado no órgão federal responsável pela vigilância sanitária e comercializado no País, cuja eficácia, segurança e qualidade foram comprovadas cientificamente junto ao órgão federal competente, por ocasião do registro;
XXIII – Produto Farmacêutico Intercambiável – equivalente terapêutico de um medicamento de referência, comprovados, essencialmente, os mesmos efeitos de eficácia e segurança;
XXIV – Bioequivalência – consiste na demonstração de equivalência farmacêutica entre produtos apresentados sob a mesma forma farmacêutica, contendo idêntica composição qualitativa e quantitativa de princípio(s) ativo(s), e que tenham comparável biodisponibilidade, quando estudados sob um mesmo desenho experimental;
XXV – Biodisponibilidade – indica a velocidade e a extensão de absorção de um princípio ativo em uma forma de dosagem, a partir de sua curva concentração/tempo na circulação sistêmica ou sua excreção na urina."
"Art. 57 .............................................................................."
"Parágrafo único. Os medicamentos que ostentam nome comercial ou marca ostentarão também, obrigatoriamente com o mesmo destaque e de forma legível, nas peças referidas no caput deste artigo, nas embalagens e materiais promocionais, a Denominação Comum Brasileira ou, na sua falta, a Denominação Comum Internacional em letras e caracteres cujo tamanho não será inferior a um meio do tamanho das letras e caracteres do nome comercial ou marca."
Art. 2o O órgão federal responsável pela vigilância sanitária
regulamentará, em até noventa dias:(Vide Medida Provisória nº
2.190-34, de 23.8.2001)
I - os critérios e condições para o registro e o controle de qualidade
dos medicamentos genéricos;
II - os critérios para as provas de biodisponibilidade de produtos farmacêuticos
em geral;
III - os critérios para a aferição da equivalência terapêutica, mediante
as provas de bioequivalência de medicamentos genéricos, para a caracterização
de sua intercambialidade;
IV - os critérios para a dispensação de medicamentos genéricos nos
serviços farmacêuticos governamentais e privados, respeitada a decisão expressa
de não intercambialidade do profissional prescritor.
Art. 3o As aquisições de medicamentos, sob
qualquer modalidade de compra, e as prescrições médicas e odontológicas de
medicamentos, no âmbito do Sistema Único de Saúde – SUS, adotarão
obrigatoriamente a Denominação Comum Brasileira (DCB) ou, na sua falta, a
Denominação Comum Internacional (DCI).
§
1o O órgão federal responsável pela vigilância sanitária
editará, periodicamente, a relação de medicamentos registrados no País, de
acordo com a classificação farmacológica da Relação Nacional de Medicamentos
Essenciais – Rename vigente e segundo a Denominação Comum Brasileira ou, na sua
falta, a Denominação Comum Internacional, seguindo-se os nomes comerciais e as
correspondentes empresas fabricantes.
§
2o Nas aquisições de medicamentos a que se refere o caput
deste artigo, o medicamento genérico, quando houver, terá preferência sobre os
demais em condições de igualdade de preço.
§
3o Nos editais, propostas licitatórias e contratos de
aquisição de medicamentos, no âmbito do SUS, serão exigidas, no que couber, as
especificações técnicas dos produtos, os respectivos métodos de controle de
qualidade e a sistemática de certificação de conformidade.
§
4o A entrega dos medicamentos adquiridos será acompanhada
dos respectivos laudos de qualidade.
Art.
4o É o Poder Executivo Federal autorizado a promover
medidas especiais relacionadas com o registro, a fabricação, o regime
econômico-fiscal, a distribuição e a dispensação de medicamentos genéricos, de
que trata esta Lei, com vistas a estimular sua adoção e uso no País.
Parágrafo
único. O Ministério da Saúde promoverá mecanismos que assegurem ampla
comunicação, informação e educação sobre os medicamentos genéricos.
Art.
5o O Ministério da Saúde promoverá programas de apoio ao
desenvolvimento técnico-científico aplicado à melhoria da qualidade dos
medicamentos.
Parágrafo
único. Será buscada a cooperação de instituições nacionais e internacionais
relacionadas com a aferição da qualidade de medicamentos.
Art.
6o Os laboratórios que produzem e comercializam
medicamentos com ou sem marca ou nome comercial terão o prazo de seis meses
para as alterações e adaptações necessárias ao cumprimento do que dispõe esta
Lei.
Art.
7o Esta Lei entra em vigor na data de sua publicação.
Brasília, 10 de fevereiro de 1999; 178o
da Independência e 111o da República.
FERNANDO HENRIQUE CARDOSO
José Serra