Guedes também sugere que Banco do BRICS pode investir em projetos de infraestrutura do PPI
Publicado 13/11/2019
O ministro da Economia, Paulo Guedes, informou, nesta quarta-feira (13), em Brasília (DF), que o Brasil quer uma área de livre comércio com a China. A declaração ocorreu em encontro que discutiu o papel do Novo Banco de Desenvolvimento do BRICS (NDB), que entrou em operação em 2015 e financia projetos de infraestrutura nos cinco países que formam o bloco, Brasil, Rússia, Índia, China e África do Sul.
“Fizemos o acordo com a União Europeia. E agora estamos conversando com a China sobre a possibilidade de considerarmos um free trade area também com a China, ao mesmo tempo que falamos de entrar na Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE)”, adiantou o ministro.
A referência ao comércio com a China ocorreu a partir do raciocínio feito pelo ministro de que o Brasil permaneceu fechado por muito tempo, quer se abrir ao mundo, integrar-se às cadeias produtivas globais de valor, receber investimentos externos e “fazer 40 anos em 4”. Para Guedes uma maior integração comercial é um dos níveis que vai garantir um novo patamar de crescimento econômico ao Brasil.
Guedes citou que com a China a dinamização do comércio vem ocorrendo. Segundo o ministro, o Brasil partiu de um patamar comercial de US$ 2 bilhões há vinte anos para um nível de US$ 100 bilhões em trocas comerciais atualmente. Mas com a Índia, de acordo com o ministro, isso não ocorreu, permanecendo um comércio, atualmente, de US$ 4 bilhões. “Eu diria que o maior upside, integração de comércio, agora é com a própria Índia, porque o comércio é muito baixo e as economias são bastante diferentes, tem um enorme espaço”, defendeu Guedes.
Paulo Guedes também apresentou o que, na visão dele, seria um outro nível que garantiria o crescimento da economia brasileira. A atração de investimentos externos por meio do Banco do BRICS, que poderia investir em projetos de infraestrutura presentes no Programa de Parcerias de Investimentos (PPI).
“Nós temos ali o nosso governador de Rondônia [Marcos Rocha]. Estávamos conversando exatamente a respeito de como reduzir o tempo de transporte até a China da produção do Centro-Oeste e como isso pode acontecer através de uma [rodovia] Transpacífica … podemos também conectar a Calha Norte (Região Norte) com ferrovias pra escoar também esses mesmos grãos ou minérios”. E completou. “O PPI é um excelente local de aterrissagem para esses operadores internacionais de grande capacidade e, ao mesmo tempo, financiados por pools de capitais privados, sindicalizados, coordenados em projetos, onde entra toda essa experiência que os chineses têm na infraestrutura deles embutida no NDB”.
Guedes ainda afirmou que o BNDES pode auxiliar nos arranjos financeiros para viabilizar a ampliação destes investimentos do NDB na infraestrutura brasileira.
Em relação ao Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES), o presidente da instituição, Gustavo Montezano, disse que o banco é um facilitador de fluxos financeiros.
“A nossa função aqui é facilitar o fluxo financeiro, é entender onde estão os bolsos de capital disponível a ser alocado, originar a demanda aqui no nosso Brasil, estruturar as operações e, por fim, sindicalizar elas, seja com o NDB, seja com o Banco Interamericano de Desenvolvimento (BID), seja com o Corporação Andina de Fomento (CAF), seja com bancos privados”, defendeu Montezano.
O indiano, presidente do NDB, K.V. Kamath, acenou que o Banco de Desenvolvimento do BRICS está aberto para projetos privados e que o Brasil concentra atualmente tanto ativos em operação quanto a serem construídos no PPI. “Nós estamos agora prontos para um portfólio de projetos privados. Neste contexto encontram-se, provavelmente, as melhores oportunidades no Brasil, por causa do forte conjunto de projetos do PPI”, afirmou Kamath.
Acordo NDB – BNDES
Durante o encontro para discutir o Banco do BRICS, em Brasília, nesta quarta-feira (13), o NDB e o BNDES firmaram um memorando de entendimento com validade de cinco anos, prorrogáveis pelo mesmo período, para apoiar iniciativas conjuntas de investimentos, a partir, entre outras iniciativas, do treinamento de equipes e intercâmbio de funcionários.
Banco do BRICS
O Banco do BRICS foi criado em 2014 durante a 7ª Cúpula do bloco, que ocorreu em Fortaleza (CE). Em 2015, entrou em operação efetiva. Desde então, tem em sua carteira de investimentos 38 projetos, no valor de US$ 10 bilhões. Desses, cinco no Brasil, com investimentos de US$ 1,1 bilhão.
Fonte: gov.br