Brasília – A cada mês cresce a participação dos produtos básicos na pauta exportadora brasileira, em detrimento dos produtos manufaturados, de maior valor agregado, e entre os meses de janeiro e agosto os produtos primários responderam por 52,6% do total exportado pelo país, contra um percentual de 49,5% registrado no mesmo período de 2018. Em valores, os embarques de produtos básicos geraram uma receita no montante de US$ 78,307 bilhões.
No período, as exportações de produtos industrializados totalizaram US$ 70,538 bilhões, correspondentes a 47,4% do total vendido ao exterior, uma contração de 7,3% comparativamente com os US$ 76,516 bilhões embarcados nos oito primeiros meses de 2018. Os dados são da Secretaria de Comércio Exterior (Secex) do Ministério da Economia.
A alta na participação dos produtos básicos nas exportações globais do país deveu-se, em essência, a dois fatores principais: um forte aumento nos embarques de produtos como o milho em grãos (166,3%) e de minérios de ferro (17,3%) mas também à elevada retração nas exportações de bens industrializados, em especial de automóveis, que tiveram ma queda de 34,2% de janeiro a agosto, comparativamente com igual período do ano passado.
O grande destaque nas exportações segue sendo a soja em grãos. Apesar da variação negativa de 21,3% nos embarques realizados neste ano, a oleaginosa seguiu liderando a pauta exportadora brasileira com receita no valor total de US$ 21,112 bilhões.
Por sua vez, o milho foi outro item relevante nas vendas externas com um salto de impressionantes 166,3% e receita total de US$ 4,191 bilhões (contra US$ 1,532 bilhões obtidos nos oito primeiros meses do ano passado), o que levou a commodity a ocupar a quarta colocação na pauta geral das exportações brasileiras.
Também merece ser citado o algodão, que este ano vem se sobressaindo entre os principais produtos vendidos pelo Brasil ao exterior. Graças a um aumento de +127,3%, as vendas externas da pluma totalizaram US$ 1,061 bilhão, contra US$ 465 milhões embarcados de janeiro a agosto de 2018.
Apesar de acumular uma alta relativamente pouco expressiva (4,8%) a celulose se consolida como item cada vez mais importante na pauta exportadora e este ano já proporcionou uma receita de US$ 5,570 bilhões, o que levou o produto a ocupar a quarta posição entre os principais bens embarcados pelas empresas brasileiras para o exterior.
Apesar dos números importantes produzidos pelas exportações de produtos básicos, o aumento da participação desses itens nas vendas totais do país deveu-se sobretudo a uma contração nos embarques de bens industrializados, influenciada pela retração nas vendas para a Argentina, um dos principais destino dos produtos manufaturados exportados pelo Brasil ao exterior.
Com uma forte queda nas importações de produtos brasileiros, o intercâmbio com o país vizinho (terceiro maior parceiro comercial do Brasil em todo o mundo, atrás apenas da China e dos Estados Unidos) poderá fechar 2019 com o primeiro saldo favorável à Argentina desde 2003.
De janeiro a agosto, o saldo do comércio do Brasil com a Argentina é negativo em US$ 263 milhões, uma mudança significativa de trajetória quando comparado com o superávit de US$ 4 bilhões registrado no mesmo período de 2018.
E se os números acumulados no período janeiro-agosto relativos às exportações de bens industrializados não são nada animadores (queda de 7,3% na participação nas exportações totais do país, passando de 48,5% de janeiro a agosto de 2018 para 47,4% no mesmo período deste ano), o cenário é ainda pior quando vistos isoladamente os resultados do mês de agosto. No mês passado,a participação dos produtos industrializados passaram de 40,3% em agosto de 2018 para 32,7% no mês passado. Enquanto isso, os embarques de produtos básicos passam de 49% para 55%.
Fonte: Comex do Brasill